A arte é, de fato, para os sentidos!!
No último dia 20/10, dia de meu aniversário, ganhei, como presente de uma amiga — Marluce Nascimento — uma Aquarela, que provocou em mim, a mais intensa sinestesia. Não! Não é um texto. É uma pintura. Mas para que a tela nos salte aos olhos, e preciso ler com os sentidos.
É um quadro belíssimo!
Veja você também!!
O sol já veio e agora, que ficou
claro, já posso pintar uma aquarela pra você.
Vai
precisar parar o carro, e seguir à pé, por um caminhozinho estreito, que dá
numa jaqueira frondosa. Embaixo dela, há um banquinho de madeira, feito de
tronco de imburana. Sente-se lá, para descansar as vistas sobre o lugar.
Aprecie a sombra. Volte o olhar para além das árvores e verá uma cabana. É
coberta com folhas de bananeira. Foi pai quem me ensinou a fazer. Do lado
direito, há um pé de manga-rosa, carregadinho de frutos maduros. Está lindo!!
Do outro lado, o pé de jasmim, apinhadinho de flores, emana um perfume
embriagante. Um pouco além, vai avistar um canteiro. Tem coentro, uns
tomatinhos, cebolinha e dois pés de alface verdinhos, que dá gosto de ver. Para
além do canteiro está o jardim. Ahh... O Jardim... Tem umas florzinhas do
campo, que Deus andou plantando por lá. Todas devem ter mel, porque não faltam
borboletas em cima e em volta delas. São encantadas. Tem também umas roseiras,
que mais parecem moradas de ligeiros beija-flores. São lindos, paradinhos no
ar, beijando as flores, com maior jeitinho. Plantei ali umas quatro mudas de
girassol. Como já faz um tempo, devem estar enorme, já se encantando com a
passagem de Apollo. Um pouquinho além, vai avistar um lago. Tem umas piabinhas
lá, nadando apressadas, pra lá e pra cá. O cajueiro está mais adiante, bem
pertinho da pitangueira. Entre as duas árvores, armei uma rede amarela, para o
caso de você querer tirar uma soneca, enquanto me espera. O tamborete, perto da
rede é pra gente ficar, perto um do outro, jogando conversa fora. Vá até a
cabana. Deixei lá um bule e uns potinhos com pó de café e açúcar. Vá passando
um cafezinho pra gente, enquanto me espera. Já estou levando os bolinhos de
chuva. O quadro na parede – o dos papagaios - é uma fotografia, daqueles que
você pintou na cidade. Ao lado da cristaleira, há outro quadro, que também é
uma fotografia, das flores que você pintou. Combinam com as folhas de
bananeira, que cobrem a cabana. Na mesinha de centro há duas réplicas de “Dica”
e “Nego”, mas não fui eu quem fez. Encomendei a um artesão. Não ficou igual,
mas lembra a sua obra. Deixei ali, pra que você se sentisse em casa. Ah! Há uma
lâmpada, parecidinha com a de Aladim. Se esfregá-la, pode não sair um gênio,
mas vai sair algo genial. Experimente e terá uma surpresa primaveril, de
Antonio Vivaldi. Ah, agora que eu lembrei... A carroça, com adubo, estacionada
no oitão, fui eu quem esqueci lá. Era pra levar pro jardim, mas não deu
tempo... Ah... Esse tempo, que não dá tempo, de a gente ter tempo de fazer as
coisas em tempo... Nem deu tempo de eu pintar os beija-flores... Drummond tem
razão... “Êta vida besta, meu Deus...” Desculpe a aquarela em palavras.
Faltou-me lápis de cor. Mas é sua. Guarde-a com zelo. É obra de minha alma para
lhe desejar o Bom e o Belo. É o que se deseja a quem se ama.
Parabéns,
Amigo!!